Morre aos 102 anos, Lilly Clara Fiedler Gumz, testemunha ocular da história de Jaraguá do Sul

Filha de Leopoldo e Bertha Fiedler, Lilly nasceu em casa com a ajuda de uma parteira, numa época em que o distrito de Jaraguá não tinha hospital com especialidades médicas

Faleceu nesta quarta-feira (19), aos 102 anos, Lilly Clara Fiedler Gumz, conhecida como “Oma” Gumz.

Nascida em 26 de março de 1922 na atual Avenida Marechal Deodoro, em Jaraguá do Sul, Lilly foi uma das poucas testemunhas oculares da renomeação da Estrada Rio da Luz/Jaraguá para Rua Abdon Batista, ocorrida em 5 de outubro de 1922, sob a sanção do então prefeito de Joinville, Dr. Marinho de Souza Lobo.

Filha de Leopoldo e Bertha Fiedler, Lilly nasceu em casa com a ajuda de uma parteira, numa época em que o distrito de Jaraguá não tinha hospital com especialidades médicas. Cresceu em uma família numerosa, com muitos irmãos e irmãs, e após a morte precoce de sua mãe, viu seu pai se casar novamente com Gertrudes Maas, ampliando ainda mais a família.

Lilly passou a infância na Marechal Deodoro da Fonseca, onde sua família morava perto da firma Marcatto. Aos sete anos, sua família se mudou para a Tifa dos Pereira, área que hoje faz parte do bairro Czerniewicz. Lá, seu pai Leopoldo era tropeiro e comerciante de secos e molhados, um negócio que evoluiu para incluir um salão de baile.

Durante sua juventude, Lilly estudou na Escola Particular Jaraguá, fazendo diariamente o trajeto a pé com outras crianças, atravessando a ponte metálica e coberta Abdon Batista. Na escola, conheceu Waldemar Gumz, com quem se casou em 3 de abril de 1943. Antes do casamento, Lilly descobriu que seu nome registrado em cartório era “Helena”, apesar de ter sido chamada de Lilly desde o batismo.

Após o casamento, Lilly e Waldemar compraram um estabelecimento comercial em Santa Luzia e, ao longo dos anos, expandiram o negócio para incluir um frigorífico (FRIGUMZ), supermercado, loja de confecção, granja de suínos, indústria de ração e engenho de arroz. Este empreendimento gerou muitos empregos e contribuiu significativamente para o desenvolvimento econômico de Jaraguá do Sul.

Lilly também foi uma figura ativa na comunidade religiosa e social. Participou da construção da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, organizou a OASE (Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas) e o Clube dos Idosos, além de ser uma anfitriã generosa que recebia líderes religiosos em sua casa para almoços e jantares.

Apesar das dificuldades econômicas da década de 1980, que levaram à venda de parte do empreendimento familiar, a FRIGUMZ, Lilly continuou a ser uma figura respeitada e influente na comunidade. Seu legado é celebrado no livro “Memorial do Bairro Santa Luzia – Os Herdeiros da Duquesa”, que destaca sua vida e contribuições.

Lilly deixa para trás uma família grande e amorosa, incluindo filhos, netos e bisnetos, que continuam a honrar sua memória e os valores que ela representava. Sua vida centenária é um exemplo de dedicação à família, ao trabalho e à comunidade, deixando um legado duradouro para as futuras gerações de Jaraguá do Sul.

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